Revoluções liberais, nacionalismo e unificações
COTRIM, Gilberto. História Global. Brasil e Geral. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
Apesar das ações do Congresso de Viena (1814- 1815)
para restaurar monarquias tradicionais da nobreza e do clero, as tendências conservadoras não perduraram por muito tempo. A partir de 1850 o absolutismo cede lugar a uma nova conjuntura política predominantemente liberal.
Liberalismo e nacionalismo na Europa
Entre 1830-45 a população europeia vivencia um momento socioeconômico negativo: diminuição de colheitas, situação de miséria do operariado, ausência de garantias e direitos fundamentais para o trabalhador e repressão à liberdade de expressão.
Essa situação aliou, temporariamente, setores da pequena e média burguesia com o operariado.
Dessa aliança instável surgem vários movimentos revolucionários de contestação às estruturas vigentes. Ideias liberais, nacionalistas e socialistas esses movimentos ocorreram em diversos países (Itália, França, Áustria, Irlanda, Alemanha, Suiça e Hungria.
Entre os pontos defendidos pelo liberalismo, destacavam-se:
Política: governo democrático.
Economia: intervenção mínima do Estado.
Religião: Estado e Igreja totalmente separados.
Principais ideias defendidas pelo Nacionalismo:
Cultura
Independência nacional
Autodeterminação
As teses liberais e nacionalistas foram fundamentais no movimento de unificação da Itália e da Alemanha.
Revoluções Liberais na França: Séc. XIX: 1830 (burguesia) e 1848 (burguesia e operariado).
Restauração dos Bourbon: queda de Napoleão → Congresso de Viena → retorno da dinastia dos Bourbon com Luís XVIII (Terror Branco) e Carlos V (manutenção da política do terror, indenizações aos nobres e forte censura).
Revolução de 1830
Problemas econômicos aumentam o descontrole popular ao regime francês. As forças liberais burguesas deflagraram a revolução. O rei é derrubado e substituído por Luís Felipe de Orléans. A revolução repercutiu pela Europa e até mesmo no Brasil (abdicação de D.Pedro I → Período Regencial).
Governo de Luís Felipe (1830-1848):
Grande desenvolvimento dos setores financeiro e industrial. Expansão colonial na África, Ásia e Oceania. Ficou conhecido como "rei burguês".
Revolução de 1948
Problemas econômicos e dificuldades políticas (1846): aumento da miséria, más colheitas, greves operárias e campanhas políticas pela reformulação do sistema eleitoral. Burguesia liberal e operariado unem-se contra o governo e derrubam Luís Felipe com apoio de estudantes e setores da guarda nacional.
Governo Provisório e derrota socialista
Proclamada a República promoveu-se a liberdade de imprensa, abolição da escravidão nas colônias e estabeleceu-se o sufrágio universal. Os socialistas que participaram desse governo (Louis Blanc) exigiam mudanças profundas para beneficiar os trabalhadores urbanos. Porém, também estavam presentes a burguesia liberal (Alfonse Lamartine) que, em 23/4/ 1848, foi eleita, em sua maioria, para constituir uma Assembleia Nacional Constituinte.
Derrotados, os socialistas comandaram várias lutas contra as decisões da Assembleia. Rebeliões eclodiram em Paris e cidades de maior concentração industrial.
No mesmo ano, Marx e Engels publicaram o Manifesto Comunista (União e luta do proletariado contra as injustiças da sociedade capitalista).
O governo burguês reprimiu de forma violenta as rebeliões, provocando a morte de mais de 10 mil pessoas. Líderes socialistas foram mortos ou tiveram que fugir. É o rompimento definitivo entre políticos da burguesia e socialistas.
Governo de Luís Bonaparte
Uma nova constituição é promulgada em 11/1848 e eleições para presidência são realizadas. Com 73% dos votos, o candidato vitorioso é o sobrinho de Napoleão. Com apoio da maioria do exército, camponeses, Igreja e burguesia, Luís Bonaparte era o candidato do "Partido da Ordem" e prometia devolver à França os tempos de glória.
Em 2/12/1851, dois meses antes de encerrar seu mandato, Luís B. dá um golpe de Estado. Depois, consegue apoio popular e realiza um plebiscito, colocando fim na República e restaurando o Império. Em 12/1852 é coroado Napoleão III, "imperador dos franceses pela graça de Deus e vontade geral da Nação", reinando até 1870.
Unificação Italiana
Desde a idade média a península itálica era dividida em diversas unidades políticas independentes. No início do séc. XIX, mudanças oriundas do desenvolvimento industrial levam ao crescimento das cidades e intensificação do comércio. Para manter esse progresso a burguesia deseja a unificação da região. Após várias tentativas e derrotas, em 1860 é concluída a unificação. A criação do Estado do Vaticano, em 1870, foi uma forma de resolver a não aceitação da Igreja Católica ao processo.
Nomes importantes do processo: Giuseppe Garibaldi e Papa Pio XI.
Unificação Alemã
Até o séc. XIX, 39 estados independentes, agrícolas e algumas iniciando a industrialização. Juntos, eles formavam a Confederação Germânica.
Em 1834 uma estratégia para unir os Estados foi o Zollverein. Foi com Otto von Bismarck que a unificação ocorreu de fato e a então Alemanha vive uma aceleração do seu processo de industrialização, tornando-se uma das maiores economias do mundo, disputando espaço com Inglaterra e a França.
Comuna de Paris
Em 1871, trabalhadores franceses organizaram uma rebelião contra o governo conservador de Thiers devido a miséria e humilhações que vivenciavam.
O governo popular da Comuna era formado por socialistas, anarquistas e liberais radicais.
Seus objetivos eram: criar um Estado de trabalhadores, através de comunas livres e autônomas; eleger os funcionários do Estado (que poderiam perder seus empregos); substituir exércitos por milícias populares; congelar preços e aluguéis; criar creches e escolas e estabelecer que o Estado deveria focar na melhora da qualidade de vida dos trabalhadores.
Em maio de 1871, o governo de Thiers, com apoio da burguesia e alemães, após uma semana de batalha, massacra a Comuna, colocando fim no movimento socialista francês.
Expansão do Imperialismo
Segunda Revolução Industrial (1850- 1900)
Auxiliou na expansão capitalista da Europa e EUA com a introdução de novas tecnologias (energia → petróleo e eletricidade, aço, transportes → locomotivas elétricas, motor a gasolina, automóveis e aviação, comunicação→ telégrafo, fotografia, telefone, cinema e rádio).
A economia capitalista concentrou a produção e o capital em grandes empresas. A livre concorrência manteve os melhores preços nas mãos das empresas mais fortes que dominavam as produções. Surgem os monopólios industriais (cartel, holding e truste). Com a eliminação dos concorrentes era fácil fixar valores e lucros. Os bancos associavam-se às grandes indústrias, com empréstimos e investimentos. Essa fusão de capitais ficou conhecido como Capitalismo financeiro e monopolista.
As principais características dessa fase foram:
1. Aumento da produção e procura por novos mercados e,
2. Acúmulo de capital gerando novos investimentos.
Com medidas protecionistas à entrada de mercadorias estrangeiras, o novo alvo de investimentos passou a ser as nações não industrializadas; Ásia, África e Oceania. Para expandir, as grandes potências adotam uma política imperialista, conhecida como neocolonialismo do séc. XIX
.
Essa política utilizava de intervenção militar para dominar o território e interferência econômica. O objetivo da política neocolonialista era dividir o mundo entre as grandes potências capitalistas.
Para justificar tal prática as potências alegavam "missão civilizadora"🔎, tendo como base três elementos:
Características biológicas da "raça branca;
Fé religiosa (cristianismo);
Desenvolvimento técnico e científico.
A luta internacional pelo controle de matérias primas, disputa por novos mercados e necessidade de investimentos no exterior necessitava de ações políticas dos governos capitalistas que estimularam a expansão colonialistas por questões estratégicas: poderio militar e segurança nacional.
Portugal, Bélgica, Espanha, Alemanha, Itália, Holanda e Japão estavam voltados para o neocolonialismo mas foi Inglaterra e a França que obtiveram os maiores impérios coloniais.